UMA MERA SOMBRA, um dos porquês a mídia ninja lacra, lacra, lacra, mas não faz Boulos decolar.
Outro detalhe sobre a relação entre o midia-ninjismo da campanha do Boulos e o Bolsonaro: vocês tem ideia de como o Bolsonaro facilita a comunicação?
Sem Bolsonaro, uma campanha de esquerda precisaria elaborar uma comunicação em cima de propostas. Isso significa se colocar no mundo, dizer o que quer e ser atacado por isso, ter que responder tais ataques com mais propostas ainda. Um processo hercúleo, laborioso, intenso.
Bolsonaro garante à mídia ninja uma tarefa infindamente mais simples. Basta fazer um tweet com as palavras “Bolsonaro” e “absurdo”, e tudo está resolvido, lacração garantida. É por isso que esses tweets invadem as timelines aos montes.
Bolsonaro é a expiação moral perfeita para uma esquerda que começa a perceber que a tal “superioridade moral” das pautas de esquerda depende, bem, da EXISTÊNCIA DE PAUTAS. Ele permite que se faça uma campanha inteira não fundada no que se quer, mas no que não se quer. E essa chave é essencial.
É muito mais fácil passar incólume falando apenas o que não se quer mas impossível não ser atacado falando o que se quer. Mas, isso tem um preço: ninguém te defende pelo que você não quer que aconteça. No máximo, as pessoas se refugiam em você por medo, o que exigiria que Boulos fosse para o segundo turno(coisa que nunca esteve em cenário nenhum).
Viver e não meramente existir, como diz o clichê, envolve desagradar gente em volta. Se impor no mundo envolve desagradar alguém. Ter ação, ter libido, caralho!, é desagradar alguém.
O PSOL sabe muito bem disso tudo. “Quem diz que governa para todos, está mentindo”, era o lema do Plínio, repetido por diversas candidaturas Brasil afora. Escolher lado, se impor no mundo, se colocar enquanto agente da sociedade, e, desculpem os termos de um mero iniciante do tema, ser um libido vivo na meio da merda do mundo, desagrada uma parcela das pessoas mas é a única forma de apaixonar outra parcela delas. Mas não é o PSOL que faz essa campanha, ele terceirizou isso para a mídia ninja, dado que prefere se entocar nas próprias falências.
O problema para a mídia ninja, aqui, é que dizer que quer reforma agrária de forma contundente é lembrar que ela não aconteceu no governo petista. Assim como tributária, urbana, política. E, aí, a mídia ninja não quer. Se impor no mundo desagrada uma parcela das pessoas.
E, assim permanecemos, não como agentes a impor-nos nos mundo mas como a sombra do Bolsonaro, sem qualquer espécie de protagonismo, em uma espécie de candidatura-zen-de-botequim, sendo uma folha levada pelas curvas do Rio. O curioso é que a esquerda estuporada prefere brincar de terceirizar a oposição de fato à Bolsonaro para o Daciolo, após o primeiro debate, e para a Marina, após o segundo.
Está faltando coragem de dizer a que veio além de apenas dizer o próprio nome. Aliás, parece faltar até vontade de dizer o próprio nome.